.:GORDOS DO MUNDO, UNI-VOS!:.

Ignorância e preconceito não é exclusividade de alguns brasileiros.

Por conta do peso, duas americanas foram impedidas de embarcar em um avião da companhia Southwest Airlines. Os funcionários queriam que ambas comprassem passagens extras e comunicaram a decisão diante dos outros 100 passageiros. Uma situação vexatória que deve render indenização. [Notícia inteira aqui]

Enquanto isso, aqui no Brasil, já temos um assento especial para obesos no metrô. Quando será que teremos assentos diferenciais também nos aviões?



Tenho uma colega que acompanha o blog e trabalha comigo que prometeu me trazer um artigo de jornal que fala justamente sobre a importância dos gordos, gordinhos & afins se unirem.



Fiquei interessada na matéria e procurei na internet (tudo cai na rede!). O texto é grande, mas vale a pena ser lido.

ANTONIO PRATA
Gordos do mundo, uni-vos!



Há em vosso guloso descontrole uma nota de revolta contra um mundo que encolhe

A SEGUNDA METADE do século 20 assistiu à fragmentação das lutas e ao alargamento dos direitos: os negros se organizaram, as mulheres se organizaram, os judeus se organizaram, os gays se organizaram -até os ruivos, ouvi dizer, têm associações contra o preconceito cromocapilar que, parece, sofrem por aí.

Ótimo. Hoje, o sujeito pensa duas vezes antes de pintar suásticas ou enfiar um cone branco na cabeça, vestir os lençóis da cama e sair queimando cruzes pelas ruas. O problema é que sobrou uma única minoria, desarticulada e sem líderes, tomando na cabeça todos os cascudos que os últimos séculos dividiram entre os grupos supracitados: os gordos.

Na supremacia magra em que vivemos, já não se medem mais crânios para atestar a superioridade de ninguém, medem-se abdomens. O gordo, hoje, anda com os ombros curvados e os olhos baixos, como o judeu na Alemanha, em 1933, os negros, durante o Apartheid, uma mulher ou um gay num ônibus, tomado pela Gaviões da Fiel. Ainda não há campos de extermínio para obesos nem leis impedindo seu ir e vir, mas, pelas esquinas e mesas de bar, pelas praias e parques, podem-se ouvir os cochichos, cada vez menos discretos: "Deus do céu, será que ele não tem vergonha na cara?!", "Devia ser proibido uma mulher dessas usar biquíni!", "Se fosse um filho meu, internava num SPA!".

A ciência decretou, a moda difundiu, nossos superegos aceitaram: gordo é errado. Gordo é um descontrolado -e o autocontrole, hoje em dia, é tudo. Prega o espírito de nossa época que cada um de nós é uma empresinha a ser racionalmente administrada, e, no balancete diário de nossos corpos, o acúmulo de calorias é como um deficit econômico.

O gordo é um latifúndio improdutivo, máquina parada, ciclo vicioso.

Ok: o brasileiro anda comendo mal. De fato, cada degrau que ascendemos na escala social é um buraquinho que alargamos no cinto. É bom que o governo faça campanhas por hábitos mais saudáveis, que as escolas ensinem educação alimentar, que meu querido Drauzio Varella nos lembre que nem só de papilas gustativas vive o homem; que, de coxinha em coxinha, nossas artérias vão acabar entupidas como a avenida Rebouças, às 6h da tarde.

O preconceito, contudo, essa campanha raivosa que trata a todos aqueles que não se encaixam no diet-zeitgeist como se fossem poltergeists, não nasce da preocupação com o outro. É o ressentimento que faz com que as bocas que se fecham tão estoicamente à comida abram-se vorazmente para maldizer os gordos. Pois o gordo, meus caros, é o novo libertino. Quando o sexo era proibido, a prostituta era "feita pra apanhar", era "boa de cuspir". Hoje, com o sexo como totem e o torresmo como tabu, os que trocaram a penitência diária pelas abdominais e a hóstia pela granola, buscando a transcendência pela contenção, ficam indignados com a banha alheia. Por que é que eu preciso sofrer tantas privações, pensam eles, enquanto outros podem viajar na maionese?

Gordos do mundo, uni-vos! Ostentais as panças com orgulho. Há em vosso guloso descontrole uma nota de revolta contra um mundo que encolhe; um mundo que, cada vez mais, quer menos -em todos os sentidos.

Comentários

Cíntia disse…
Olá querida...

Adorei a matéria...

Realmente, os mais gordinhos não podem se sentir inferiorizados...temos sim é que lutar para condições melhores...

Estamos unidas nessa...rs

Bjus!
Anna disse…
apoio a campanha, pq qto mais preconceito e esse tipo de coisa acontece é mais um gordinho depressivo, ansioso e comendo mais pra superar
bjim
Alê_Corá disse…
Oi Rapha,
Eu sei que está ficando cada vez mais difícil viver por aqui (no planeta!).
Beijos e deixei um selinho para vc - use-o como e se quiser, ok?
Kelly Krys disse…
Oi, querida!
Li tudo e adorei o artigo =]

Ótima tarde!

Bjks
L. disse…
Nossa, muito boa essa matéria!! Não sabia dessa não... Complicado! Acho uma falta de respeito danada, mas enfim... Tenha uma ótima 5ª! Bjinhoos
Thássia S. disse…
Que absurdo! To chocada!!!
Anônimo disse…
vc está linda...sempre foi...Te adoro e tenho saudades...pena que nao fala mais comigo!
Anônimo disse…
vc está linda...sempre foi...Te adoro e tenho saudades...pena que nao fala mais comigo!

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